sexta-feira, 26 de março de 2010

QUANDO FOMOS À FEIRA

Uma vez cheguei-me ao pé do Zéfo Dias e desafiei-o para irmos à feira de Beja mais as nossas bias, uma vez que nunca tínhamos andado num carrocel. Bem o Zéfo logo, logo não achou lá muita piada a ir andar de carrossel, mas depois lá foi dizer à bia dele que ficou toda contente porque nunca saía lá do monte. Vestimo-nos então todos de lavado, com um banhote tomado e tudo, cravados em perfume dos chineses e lá vamos a gente a caminho da feira no tractor do Zéfo. Eu ia sentado no guarda-lamas ao lado dele e as nossas bias cá atrás na caixa do tractor sentadas nuns fardos de palha com umas mantas em cima para não picarem as nalgas nem apanharem bertuega. De maneiras que ao fim de 1 hora de caminho, lá chegámos a gente à feira. Eh mas que gentio era aquele!? Havia para além família… Jogámos o tractor além para baixo duma árvore e lá fomos a gente. Quando entrámos na feira, as nossas bias queriam ir vendo as barracas todas para se empatarem mas eu disse-lhe logo assim:
- Venham-se daí embora que a gente não veio aqui para andar aí a ver essas coisas!
- Pois vamos lá à procura do carrossel! Senão à próxima não tiras as nalgas lá de casa ouviste!? (disse o Zéfo Dias à bia dele)
Elas lá vieram sem muita vontade, mas vieram. Quando achámos o carrossel ficámos além à espera da nossa vez porque aquilo estava atulhado em gente até mais não. Mesmo assim ainda tivemos ali um bom bocado a ver aquilo a andar às voltas. Até já estávamos almareados de tanta volta. Quando aquilo parou, o Zéfo foi logo comprar algumas cinco viagens naquilo. As nossas bias não queriam andar, diziam que estavam com ansiedade.
- Não vão? Vão com certeza! Deixem estar que isso já passa! (disse o Zéfo Dias)
Lá as puxámos pelos braços e fomo-nos montar no carrossel. Eu atarrachei-me logo em cima duma girafa que estava além, a minha bia num cavalo, o Zéfo mais a bia dele prantaram-se dentro de um alguidar ou lá o que era aquilo. Assim que aquela geringonça arrancou, ainda nem uma volta tinha dado já a minha bia andava de patas para o ar no meio daquela bicharada toda. Lá a fui apanhar e atei-a com uma corda ao cavalo. Ao fim de andarmos as cinco voltas, saímos de lá com uma bebedeira cada um de andar às voltas! A bia do Zéfo assim que meteu um pé em terra firme, abala-me de gangão direito a uma barraca de pipocas e algodão doce… havia para além algodão e pipocas aos saltos por aquele chão a fora… e ela toda escalavrada nos joelhos.
Bem abalámos da feira, quando chegamos onde tínhamos deixado o tractor, não estava lá nada.
- Roubaram-me o tractor! (disse o Zéfo muito assustado)
- Vamos ao posto da Guarda dar parte! (disse eu)
Lá abalámos a pé os quatro e a bia do Zéfo vá de coxear. Chagámos lá ao posto o Zéfo lá disse ao homem que lhe tinham roubado o tractor.
- Não roubaram não! O tractor está aqui!
- Vieram-no aqui deixar? (perguntou ele)
- O seu tractor foi rebocado! Atão você deixa-o de atravessado na rua que nem uma motorizada lá passava!?
- Mas não estava lá ninguém na rua e ali ficou à sombra! Mas obrigadinho por me o trazerem para aqui! Posso leva-lo já?
- Pode mas só depois de pagar a multa que são dez contos de réis.
Bem o Zéfo até esgravatava. Ele lá pagou ao homem para trazer o tractor e veio a descompor-me o caminho todo até ao monte.
- Ficou-me o carrossel barato! E a culpa é tua se não tivesses essas ideias parvas!
De maneiras que andou mal comigo algumas duas semanas. Tal não é aquele feitiozinho hã!?

"OS CAMPANIÇOS"

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