quinta-feira, 27 de maio de 2010

QUANDO FOMOS À OVIBEJA

OS CAMPANIÇOS

Uma vez abalámos eu, o Zéfo Dias, o Papa- Alacraus mais as nossas bias na camioneta da carreira a caminho de Beja para irmos à Ovibeja. Bem assim que chegámos lá onde a camioneta parou, descemo-nos e fomos a pé até àquela coisa. Mas aquilo estava uma esturreira tão grande que quando lá chegámos a minha bia e a do Zéfo tinham os pés cravados em reduras em forte. Tiveram então que se descalçar e lavar os pés além numa bica onde as pessoas iam beber. Estavam as mulherezinhas muito bem a lavarem os pés vieram de lá uns a garrearem com a gente, andámos logo além enleados com eles!
- Atão já as mulheres não podem lavar os pés não!? (Disse o Zéfo às biqueiradas com os outros)
Bem de maneiras que elas lá ficaram com os pés fresquinhos e deixaram aquilo tudo cheio de murraça que pareciam cascas de eucalipto seco por aquele chão. Meteram então pedaços de algodão entre o meio dos dedos dos pés e lá fomos.
Abalámos então Ovibeja a fora e entrámos lá num casão muito grande que só cheirava era a borregum.
- Eh mas que pivete dum cabrão é este homem? (perguntei eu)
Olhei para o lado já o Zéfo Dias estava a ensacar um borrego para dentro da cesta que a bia dele levava.
- Ajuda-me lá aqui pá! (disse ele)
- Deixa-te lá disso homem, então não vês que se as pessoas sabem levam a gente presos! (disse-lhe eu)
Bem de maneiras que lá o tive que puxar dali antes que aquilo desse barraca. Abalámos dali e fomos então para outro casão cravado em vacas e bois muito grandes. Eh mas o que era aquilo, havia para ali vacas, nunca tinha visto tanta vaca junta e de todas as cores, e depois não paravam caladas sempre a mugir. E os bois, ele era com cada um e com uns cornos muito grandes.
Mas depois estava lá um homem as explicar às pessoas que eles só faziam “aquilo” com as vacas uma vez por ano.
- Ah coitados dos bichinhos! Como é que as vacas não hão de andar assim! (Disse eu)
De maneiras que não achámos lá muita graça aquela coisa e fomo-nos embora dali.
Íamos a gente a caminho de outro casão o Zéfo virou-se para a bia dele e disse-lhe assim:
- Bia estou com caganeira, acho que tenho que ir arrear a jeira!
Ela então disse-lhe para ir à casa de banho, mas como ele lá no monte não tinha nada daquilo e gostava era de cagar no campo, foi ali para trás dum carro e abaixou-se ali. Nisto apareceu lá um homem com um colete, devia ser segurança, e foi dar com o Zéfo naqueles preparos.
- O senhor não tem vergonha? Vou ter que ir dar parte à polícia! (Disse-lhe o homem muito marafado)
- Olhe por mim pode-a dar toda que eu não faço intenções nenhumas de a levar daqui! (disse-lhe o Zéfo)
Bem a gente começámos a estranhar e fomos à procura dele, quando a gente vamos dar com uma camioneta cheia de polícias e o Zéfo lá dentro com os braços atrás das costas todo amalateado.
Virou-se para a gente a dizer:
- Vão-se embora daqui que eles aqui são muito esquisitos, não se pode lavar os pés, não se pode cagar descansado, mas isto é o que?
De maneiras que lá viemos todos a caminho do monte à boleia na camioneta dos policias.

sábado, 15 de maio de 2010

MODA DA MINE (BAILE POPULAR)

HERÓIS À MODA DO ALENTEJO



Janeiro de 2010

Um exercício de escrita criativa, um grupo de formação, e um professor disposto a dinamizar foram os ingredientes base do livro de humor «Heróis à Moda do Porto». Um título que, superando todas as expectativas iniciais se tornou em poucos dias no livro mais vendido do país, esgotando stocks em livrarias de referência, de norte a sul de Portugal.

Heróis à Moda do Porto é um pequeno livro de contos, onde é respeitado o linguarejar das gentes da invicta, e para que todos os leitores fiquem por dentro das tramas narradas existe uma segunda parte com um dicionário de todas as palavras e expressões contidas nos contos e outras que, não estando presentes nos enredos, fazem parte do quotidiano dos portuenses.

Se preservar e divulgar os falares dos “portistas” e portuenses é o principal objectivo da obra;
Se as vendas já ultrapassaram há muito os 20 000 títulos vendidos;
Então a missão está a ser plenamente cumprida.


É nesta onda de sucesso que emerge o projecto «Heróis à Moda do Alentejo», que será o livro dois, daquilo que se pretende venha a ser uma colecção de referência na preservação do hábitos e tradições linguísticas das várias regiões do país.

Responsável pelo projecto geral, a editora Lugar da Palavra e o editor João Carlos Brito;
Pelos Heróis à Moda do Alentejo, o autor Luís Miguel Ricardo (como coordenador do projecto) e os contistas convidados: Antónia Silva e Afonso Barroso, Carlos Viegas, João Paulo, Manuela Pina, Marco Maurício, Maria Morais e Paulo Godinho. as histórias publicadas no "Heróis à Moda do Alentejo" foram inspiradas no original "Memórias de Manuel Loendrêro", da autoria de Luís Santa Maria, publicada no jornal "A Planície" da região de Moura.