quinta-feira, 27 de maio de 2010

QUANDO FOMOS À OVIBEJA

OS CAMPANIÇOS

Uma vez abalámos eu, o Zéfo Dias, o Papa- Alacraus mais as nossas bias na camioneta da carreira a caminho de Beja para irmos à Ovibeja. Bem assim que chegámos lá onde a camioneta parou, descemo-nos e fomos a pé até àquela coisa. Mas aquilo estava uma esturreira tão grande que quando lá chegámos a minha bia e a do Zéfo tinham os pés cravados em reduras em forte. Tiveram então que se descalçar e lavar os pés além numa bica onde as pessoas iam beber. Estavam as mulherezinhas muito bem a lavarem os pés vieram de lá uns a garrearem com a gente, andámos logo além enleados com eles!
- Atão já as mulheres não podem lavar os pés não!? (Disse o Zéfo às biqueiradas com os outros)
Bem de maneiras que elas lá ficaram com os pés fresquinhos e deixaram aquilo tudo cheio de murraça que pareciam cascas de eucalipto seco por aquele chão. Meteram então pedaços de algodão entre o meio dos dedos dos pés e lá fomos.
Abalámos então Ovibeja a fora e entrámos lá num casão muito grande que só cheirava era a borregum.
- Eh mas que pivete dum cabrão é este homem? (perguntei eu)
Olhei para o lado já o Zéfo Dias estava a ensacar um borrego para dentro da cesta que a bia dele levava.
- Ajuda-me lá aqui pá! (disse ele)
- Deixa-te lá disso homem, então não vês que se as pessoas sabem levam a gente presos! (disse-lhe eu)
Bem de maneiras que lá o tive que puxar dali antes que aquilo desse barraca. Abalámos dali e fomos então para outro casão cravado em vacas e bois muito grandes. Eh mas o que era aquilo, havia para ali vacas, nunca tinha visto tanta vaca junta e de todas as cores, e depois não paravam caladas sempre a mugir. E os bois, ele era com cada um e com uns cornos muito grandes.
Mas depois estava lá um homem as explicar às pessoas que eles só faziam “aquilo” com as vacas uma vez por ano.
- Ah coitados dos bichinhos! Como é que as vacas não hão de andar assim! (Disse eu)
De maneiras que não achámos lá muita graça aquela coisa e fomo-nos embora dali.
Íamos a gente a caminho de outro casão o Zéfo virou-se para a bia dele e disse-lhe assim:
- Bia estou com caganeira, acho que tenho que ir arrear a jeira!
Ela então disse-lhe para ir à casa de banho, mas como ele lá no monte não tinha nada daquilo e gostava era de cagar no campo, foi ali para trás dum carro e abaixou-se ali. Nisto apareceu lá um homem com um colete, devia ser segurança, e foi dar com o Zéfo naqueles preparos.
- O senhor não tem vergonha? Vou ter que ir dar parte à polícia! (Disse-lhe o homem muito marafado)
- Olhe por mim pode-a dar toda que eu não faço intenções nenhumas de a levar daqui! (disse-lhe o Zéfo)
Bem a gente começámos a estranhar e fomos à procura dele, quando a gente vamos dar com uma camioneta cheia de polícias e o Zéfo lá dentro com os braços atrás das costas todo amalateado.
Virou-se para a gente a dizer:
- Vão-se embora daqui que eles aqui são muito esquisitos, não se pode lavar os pés, não se pode cagar descansado, mas isto é o que?
De maneiras que lá viemos todos a caminho do monte à boleia na camioneta dos policias.

sábado, 15 de maio de 2010

MODA DA MINE (BAILE POPULAR)

HERÓIS À MODA DO ALENTEJO



Janeiro de 2010

Um exercício de escrita criativa, um grupo de formação, e um professor disposto a dinamizar foram os ingredientes base do livro de humor «Heróis à Moda do Porto». Um título que, superando todas as expectativas iniciais se tornou em poucos dias no livro mais vendido do país, esgotando stocks em livrarias de referência, de norte a sul de Portugal.

Heróis à Moda do Porto é um pequeno livro de contos, onde é respeitado o linguarejar das gentes da invicta, e para que todos os leitores fiquem por dentro das tramas narradas existe uma segunda parte com um dicionário de todas as palavras e expressões contidas nos contos e outras que, não estando presentes nos enredos, fazem parte do quotidiano dos portuenses.

Se preservar e divulgar os falares dos “portistas” e portuenses é o principal objectivo da obra;
Se as vendas já ultrapassaram há muito os 20 000 títulos vendidos;
Então a missão está a ser plenamente cumprida.


É nesta onda de sucesso que emerge o projecto «Heróis à Moda do Alentejo», que será o livro dois, daquilo que se pretende venha a ser uma colecção de referência na preservação do hábitos e tradições linguísticas das várias regiões do país.

Responsável pelo projecto geral, a editora Lugar da Palavra e o editor João Carlos Brito;
Pelos Heróis à Moda do Alentejo, o autor Luís Miguel Ricardo (como coordenador do projecto) e os contistas convidados: Antónia Silva e Afonso Barroso, Carlos Viegas, João Paulo, Manuela Pina, Marco Maurício, Maria Morais e Paulo Godinho. as histórias publicadas no "Heróis à Moda do Alentejo" foram inspiradas no original "Memórias de Manuel Loendrêro", da autoria de Luís Santa Maria, publicada no jornal "A Planície" da região de Moura.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

sexta-feira, 26 de março de 2010

MARINA DE BEJA

A partir do ano de 2013, vai ser possível fazer o percurso Beja/ Barragem do Alqueva através de barco como nos conta o nosso repórter Jesuíno Perdigoto.
Irá ser concretizado o grande sonho da população de Beja que há muito pede uma ligação via marítima desta cidade ao grande lago do Alqueva.
A construção de um canal com 2 faixas de cada lado, irá tornar possível fazer o percurso de barco entre a nossa cidade e o Alqueva.
A barco-estrada irá ter cerca de 50 metros de largura, 60 km de comprimento e 6 metros de profundidade e o valor das portagens será de cerca 1,50€. Este canal contará também com 2 áreas de serviço flutuantes e 4 saídas de emergência.
Toda a zona do parque da cidade irá sofrer uma reestruturação na medida em que será no lago já lá existente, que irá ser contruída a futura Marina de Beja.
A Marina de Beja terá a capacidade para 67 embarcações de alto porte, 30 de médio porte e 4 do Sporte. Levará ainda mais 23 lugares para motas de água e 3 para taxis-barco, isto se houver falta de água.
No lado nascente da marina, será contruída também uma praia fluvial por uma empresa especializada de Messejana, onde os utentes terão à sua disposição gratuítamente nos primeiros 10 minutos, os mais modernos sombreiros a energia solar. Estará também disponível neste espaço, cerca de duas dezenas de gaivotas mantidas em cativeiro, permitindo assim aos utilizadores do espaço, alimentar os animais com as suas próprias mãos. Na zona poente será instalada a maior área de desportos radicais do Alentejo com cerca de 100 m2 , onde estarão à disposição dos amantes destes desportos 4 jogos de dominó, 6 baralhos de cartas e 3 jogos da malha com malhões electrónicos.
Serão realizados cruzeiros duas vezes por semana com a duração de 2 e 4 dias, às terças e sextas-feiras respectivamente pelos preços de 33€/2 dias e 52€/4 dias, com pensão completa. O cruzeiro de dois dias sairá da Marina do parque da cidade às terças-feiras de manhã e inclui viagem em autocarro até Beringel com almoço na casa do povo, visita às olarias desta localidade e uma noite em Mombeja. Quanto ao de 4 dias, o mais aconselhado pelos responsáveis, já inclui passeio de barco, alimentação, 1 noite em Beringel, 1 em Albergaria dos Fusos e outra dentro do barco em sacos cama que os interessados devem trazer de casa. Durante este, haverá lugar a visitas à junta de quartelha de porcos em Faro do Alentejo, a uma carpintaria em Vila Alva e a uma oficina de pneus em Mourão.
Portanto a todos os interessados, relembramos que as reservas poderão ser feitas a partir do próximo mês, através de email ou carta registada com aviso de recepção ao cuidado do nosso programa “Salada de Boletas”.

"SALADA DE BOLETAS"

FAZ OU ESCUTAS

O Noticiário da Boleta sabe que houve da parte de um chefe de oficina, a tentativa de manipulação da comunicação social em toda a região do distrito de Beja e arredores.
Há cerca de 2 meses o nosso repórter Jesuíno Perdigoto, estava numa esplanada a comer uns caracóis com umas imperiais e apercebeu-se de uma conversa na mesa ao lado entre duas pessoas, que o deixou muito curioso. Em jeitos de segredos ele ainda conseguiu ouvir um dos indivíduos, que mais tarde veio a saber ser chefe de uma oficina na cidade, a dizer ao outro, um conhecido sucateiro da região, que tinha que acabar com aquilo do rádio.
Sem que os indivíduos se apercebessem, o nosso repórter escondeu-se atrás da arca dos gelados e conseguiu gravar a conversa que se veio a confirmar tratar-se de uma tentativa de compra desta rádio para assim acabarem com o Noticiário da Boleta à sexta-feira.
O negócio seria encomendado ao sucateiro que é detentor de várias sucatas e de alguns insufláveis para alugar um pouco por toda a região, passando pela oferta de compra das instalações desta rádio para aí instalar uma loja de roupa em segunda mão.
Ora o nosso repórter andou a investigar e conseguiu descobrir que entre estes dois indivíduos já há muito tempo existia negócios pouco claros como a compra de jantes de automóveis usadas, candeeiros de parede e latas de tinta vazias, tudo isto sem recorrerem a concursos de adjudicação.
Das conversas que conseguimos apurar destacamos algumas que de seguida vamos dar a conhecer.
- Este fim-de-semana vou a Lisboa!
- Vê se te despachas com isso que a minha mulher já garreou comigo!
Ao que o outro, o sucateiro disse:
- Traz-me de lá um berbequim com martelo que aqui são muito caros.
- O mais tardar, segunda-feira já tenho as peças!
Perante estas palavras, não existem quaisquer dúvidas quanto às intenções destes dois indivíduos em querer aniquilar por completo o nosso jornal que todos os dias vos divulga as notícias mais importantes do Alentejo, mundo e arredores com toda a isenção que lhe é conhecida.
Divulgada mais uma noticia, vamos continuar no terreno a investigar e trazer mais novidades acerca deste assunto se assim se justificar e se ainda cá estivermos.


"SALADA DE BOLETAS"

QUANDO ANDÁMOS DE AVIÃO

Uma vez, a junta lá do monte convidou a família toda para ir andar de avião. A viagem era de Lisboa até ao Algarve.
Bem a gente lá abalámos todos numa camioneta da carreira a caminho de Lisboa mais as nossas Bias e cada um com a sua cesta do avio. O Zéfo Dias como tinha medo de andar de avião, encheu algumas oito garrafinhas daquelas verdes de agua para a ansiedade cheias de vinho para o caminho. Assim que chagámos lá onde estavam os aviões, fomos andando por aqueles corredores a fora e depois tínhamos que passar lá por baixo de uma coisa que mais parecia uma aduela mas sem porta. A gente passámos todos muito bem mas o Zéfo quando passou, aquilo começou para além a apitar a muito. Disseram-lhe atão que ele tinha que tirar as coisas todas que tivesse nas algibeiras. Ele lá tirou tudo ali para dentro dum tabuleiro, a poder de muito custo. Bem ele eram navalhas, isqueiros, corta-unhas, pregos, um alicate….até umas peúgas ele lá tinha. Quando viu que só lhe deram as peúgas armou logo ali fita com o homem, mas a gente lá o puxámos.
- Atão não vês uns bandidos daqueles que me ficaram além com uma navalha nova!? (disse-me ele)
Lá abalámos para dentro do avião e o Zéfo assim que entrou, sentou-se logo muito à pressa e depois amalateou-se com o cinto, mas apertou aquilo com tanta força que largou barreno daqueles valentes. Não se podia lá estar dentro do avião, as mulheres bem se fartaram de deitar perfume mas nem com isso se podia. Bem o Zéfo Dias estava com uma pilha de nervos que mamou logo de rajada três garrafinhas daquelas que tinha levado. Mas ainda o avião não tinha levantado o focinho do chão já ele estava a emborcar mais duas. Bem assim que o avião levantou, o Zéfo dá-se em por muito vermelho e todo suado, vi jeitos do bicho lhe dar para além algum badagaio. A bia dele viu-o naquele estado e perguntou-lhe:
- Queres beber outra garrafinha daquelas para a ansiedade?
- Ó mulher… nem me fales cá em garrafas nenhumas! (Disse ele)
Pudera com o que ele já tinha emborcado, estava ali fresco como uma alface. Bem ele começou atão com uma dor de barriga e vá de largar barrenos que já nem os perfumes faziam efeito. Ele abalou atão a fugir lá para a casa de banho do avião. Ao fim dele estar lá um bocado, começou a tocar uma buzina no avião que parecia um carro das urgências. Assim que o Zéfo, assustado por aquilo, abriu a porta da casa de banho, saiu de lá uma baforada de fumo e um pivete… As mulheres, vá de perfuma por aquele avião. Até já tínhamos os olhos em lágrimas e o cheiro não passava, foi atão que saltaram umas mascaras do telhado do avião e disseram para a gente as meter. Estávamos a gente tudo com máscaras cravadas nas ventas, o Zéfo Dias picou-lhe a mosca e começou para além aos berros e queria que o deixassem em Beja. Tiveram que vir de lá uns para o acalmarem e o amarrarem à cadeira. Quando o avião posou no Algarve, vamo-nos todos a descer e estava lá uma camioneta cheia de guardas e tudo armado. Assim que o Zéfo põe um pé em terra firme, os guardas agarraram-no logo e levaram-no. Mas ele não queria ir tanto que ainda derrubou alguns quatro. eu atão ainda ouvi o Zéfo:
- Atão mas o que é que eu fiz? Deixem-me da mão!
- O senhor está preso porque não se pode fumar dentro dos aviões! (disse-lhe um dos guardas)
A modos que a gente não pudemos ficar à espera dele porque a carreira para levar a gente para o monte já lá estava de esmarreira. Viemo-nos atão embora e o Zéfo só apareceu ao fim de quase quinze dias.


"OS CAMPANIÇOS"

QUANDO FOMOS À FEIRA

Uma vez cheguei-me ao pé do Zéfo Dias e desafiei-o para irmos à feira de Beja mais as nossas bias, uma vez que nunca tínhamos andado num carrocel. Bem o Zéfo logo, logo não achou lá muita piada a ir andar de carrossel, mas depois lá foi dizer à bia dele que ficou toda contente porque nunca saía lá do monte. Vestimo-nos então todos de lavado, com um banhote tomado e tudo, cravados em perfume dos chineses e lá vamos a gente a caminho da feira no tractor do Zéfo. Eu ia sentado no guarda-lamas ao lado dele e as nossas bias cá atrás na caixa do tractor sentadas nuns fardos de palha com umas mantas em cima para não picarem as nalgas nem apanharem bertuega. De maneiras que ao fim de 1 hora de caminho, lá chegámos a gente à feira. Eh mas que gentio era aquele!? Havia para além família… Jogámos o tractor além para baixo duma árvore e lá fomos a gente. Quando entrámos na feira, as nossas bias queriam ir vendo as barracas todas para se empatarem mas eu disse-lhe logo assim:
- Venham-se daí embora que a gente não veio aqui para andar aí a ver essas coisas!
- Pois vamos lá à procura do carrossel! Senão à próxima não tiras as nalgas lá de casa ouviste!? (disse o Zéfo Dias à bia dele)
Elas lá vieram sem muita vontade, mas vieram. Quando achámos o carrossel ficámos além à espera da nossa vez porque aquilo estava atulhado em gente até mais não. Mesmo assim ainda tivemos ali um bom bocado a ver aquilo a andar às voltas. Até já estávamos almareados de tanta volta. Quando aquilo parou, o Zéfo foi logo comprar algumas cinco viagens naquilo. As nossas bias não queriam andar, diziam que estavam com ansiedade.
- Não vão? Vão com certeza! Deixem estar que isso já passa! (disse o Zéfo Dias)
Lá as puxámos pelos braços e fomo-nos montar no carrossel. Eu atarrachei-me logo em cima duma girafa que estava além, a minha bia num cavalo, o Zéfo mais a bia dele prantaram-se dentro de um alguidar ou lá o que era aquilo. Assim que aquela geringonça arrancou, ainda nem uma volta tinha dado já a minha bia andava de patas para o ar no meio daquela bicharada toda. Lá a fui apanhar e atei-a com uma corda ao cavalo. Ao fim de andarmos as cinco voltas, saímos de lá com uma bebedeira cada um de andar às voltas! A bia do Zéfo assim que meteu um pé em terra firme, abala-me de gangão direito a uma barraca de pipocas e algodão doce… havia para além algodão e pipocas aos saltos por aquele chão a fora… e ela toda escalavrada nos joelhos.
Bem abalámos da feira, quando chegamos onde tínhamos deixado o tractor, não estava lá nada.
- Roubaram-me o tractor! (disse o Zéfo muito assustado)
- Vamos ao posto da Guarda dar parte! (disse eu)
Lá abalámos a pé os quatro e a bia do Zéfo vá de coxear. Chagámos lá ao posto o Zéfo lá disse ao homem que lhe tinham roubado o tractor.
- Não roubaram não! O tractor está aqui!
- Vieram-no aqui deixar? (perguntou ele)
- O seu tractor foi rebocado! Atão você deixa-o de atravessado na rua que nem uma motorizada lá passava!?
- Mas não estava lá ninguém na rua e ali ficou à sombra! Mas obrigadinho por me o trazerem para aqui! Posso leva-lo já?
- Pode mas só depois de pagar a multa que são dez contos de réis.
Bem o Zéfo até esgravatava. Ele lá pagou ao homem para trazer o tractor e veio a descompor-me o caminho todo até ao monte.
- Ficou-me o carrossel barato! E a culpa é tua se não tivesses essas ideias parvas!
De maneiras que andou mal comigo algumas duas semanas. Tal não é aquele feitiozinho hã!?

"OS CAMPANIÇOS"

A BIA NO CABELEIREIRO

Uma vez a Bia do Zéfo já farta de estar sempre em casa e nunca sair a lado nenhum, virou-se para ele e disse-lhe assim:
- Olha Zéfo hoje vou arranjar o cabelo e as unhas a uma casa lá em Beja, estou farta de estar aqui sempre fechada a trabalhar que nem uma moira!
- Olha agora para o que lhe deu! Atão a mulher não está boa! (disse-lhe ele)
Bem ao fim de andarem para além a mandar postas de pescada um com o outro ele lá lhe disse que ia com ela também.
- Eu vou contigo mas não te demoras lá ouviste? (disse ele)
De maneiras que lá apanharam a camioneta da carreira das 7:30 da manhã a caminho de Beja. Quando lá chegaram ela foi lá à casa onde lhe iam arranjar os cabelos e ele disse-lhe logo:
- Eu vou dar uma volta além até ao mercado comprar umas tomateiras até estares despachada disso. Depois vai além ter comigo.
O Zéfo lá foi a caminho do mercado, comprou as tomateiras, comprou um regador e nisto passaram 2 horas, três horas e nada da Bia dele.
- Porra! Tanto tempo…. (disse ele)
Ele então resolveu ir à pergunta dela a ver o que é que se passava.
Quando chegou lá, achou logo estranho porque viu o carro dos bombeiros à porta da loja e entrou logo desalvorido casa adentro. Quando ele vai dar com a Bia dele sentada numa cadeira, toda amalateada, com os pés no ar e com algumas oito pessoas de roda dela. Aos pés da mulher estavam três bombeiros já todos suados agarrados a um serrote e a um maçarico para lhe cortarem as unhas e não as davam cortadas. Já tinham partido algumas 4 folhas do serrote e então tinha que ser a puder de maçarico. À volta da cabeça dela estava alguns 5 cada um a puxar para seu lado e um deles com uma mangueira daquelas de pressão e outro com uma vassoura a lavarem a cabeça à mulher. O chão, da murraça que ia caindo da cabeça dela, parecia que tinha estado alguém com umas botas cheias de lama, tudo cravado de terra.
Ora o Zéfo viu aquilo, dá em dar pazadas no pessoal todo, desamalateou a Bia dele e fugiu dali com ela.
- Anda daí que eles acabam aí contigo! (dizia ele a fugir e puxando a mulher por um braço que ela quase que não aguentava a passada dele)
Bem saíram dali e foram para apanhar a carreira para o monte. Quando a carreira chegou, eles vão os dois a subir, o motorista virou-se para o Zéfo Dias e disse-lhe assim:
- O senhor pode entrar, mas o borreguinho é que tem de ficar na rua (disse o homem a apontar para a Bia do Zéfo que estava com o cabelo todo alvoraçado que mais parecia uma ovelha)
O Zefo lá tentou convencer o homem que o borreguinho era a mulher dele, mas o motorista não foi cá em conversas. De maneiras que para não deixar além a mulher sozinha, o Zéfo também não foi na camioneta. Abalaram atão para a boleia, ainda tiveram quase duas horas e nada, ninguém parava. Puseram-se à estrada, e abalaram atão à pata galharda até ao monte. A modos que só chegaram a casa já era quase meia-noite e a Bia do Zéfo com as unhas e com o cabelo na mesma.


"OS CAMPANIÇOS"

quarta-feira, 10 de março de 2010

POEMA

Era noite e sol raiava
Entre as trevas de um claro dia
Um jovem ancião sentado de pé
Num banco de pau feito de pedra
À luz dum candeeiro apagado
Lendo um jornal sem letras
Calado assim dizia:
-É mais fácil o mar dar batatas
Que haver peixes na terra nadando
Mas para isso estou eu
CAGANDO….

VIDA ESQUECIDA

PERCORRO A ESTRADA
À PROCURA DE TI
NÃO VEJO MAIS NADA
SOU LOUCO POR TI

VIDA ESQUECIDA
SONHOS GUARDADOS
UMA ALMA VAZIA
QUE ESCONDE O MEU PASSADO

SÓZINHO NO MUNDO
JÁ NÃO SOU NINGUÉM
ÉS A MINHA LOUCURA
QUE SENTIDO A VIDA TEM

OIÇO AS PALAVRAS
DE UMA VOZ APAGADA
VIDA SEM ESPERANÇA
UM DIA ROUBADA

RUDE VIDA

Letra: João Paulo

Nasce o dia a fervilhar
Abrasador intempestivo
Douradas espigas reflectidas
Na imensidão plana
Observada pela visão humana
Bola de fogo monstruosa
Avassaladora para com as gentes
Expelem água pelos poros
Não evitam estar contentes
Peles rugosas e escuras
Corpos usados, fissurentos
Mãos agrestes, calejadas
O que lhes vai nos pensamentos

ZIPADA

Letra e musica: João Paulo

Sontredia à tardinha
A modos que assim ao lusco fusco
Não se via um palmo à frente
Acendi o zarapatusco

Repari que o astro estava embrulhado
Você quer ver que vai chover?
Cai uma zipada de àgua tão grande
E sem ter onde me meter

Olhi p´ra trás, olhi p´ra diante
Nem tão pouco uma árvore havia
Não tinha sequer umas alparcatas
E nem guarda-chuva trazia

Caguei-me logo na motorizada
Joguei-a p´ra dentro da alberga
Isto está chovendo à parva
E nem sequer vem uma aberta

Ela foi tanta ou tão pouca
Que nem nas árvores ficou um ninho
O barranco vai esvarejado
E eu que nem um pintainho

O CASAMENTO QUE EU MARQUEI

Letra: João Paulo

Eu marquei o casamento
Para as vésperas do meu divórcio
Fiquem então a saber
Que isto era tudo um negócio

Não queria casar com ela
Mas a isso fui obrigado
Ou casava naquele dia
Ou então estava lixado

Tive de comprar um fato
Pois precisava dum preparo
Não tinha dinheiro pro pagar
Tive de vender o carro

O carro era do tio Matos
Que andava de camioneta
Para comprar os sapatos
Lá se foi a bicicleta

A bicicleta porém
Que também não era minha
Tinha-a roubado há dois dias
Ao filho da minha vizinha

Se estão para casar
Pensem bem o que fazer
Não dêem um passo em falso
P´ra mais tarde se arrepender

MAS QUE SOGRA

Letra: João Paulo

Sontredia à tardinha
Lombrigui uma rapariga
Fui direito à casa dela
E canti-lhe uma cantiga


Começou a pinguenhar
Trovoada está-se armando
É melhor eu me raspar
Antes que fique pingando


Eu sentia os pés gelados
Aquecelos eu não creio
Eu media três passadas
E a manta passo e meio


O pai dela já concordou
Mas a mãe já não vale a pena
Não me consigo safar
Deste grande problema


Pedi à mãe da rapariga
Que me a deixasse namorar
Ela não foi na cantiga
E respondeu-me “Nem pensar!”


Ó comadre dê-me licença
P`ra sua filha namorar
Acabe lá com essa crença
P`ra gente não se chatear

EU CHEGUEI A UMA TERRA

Letra e musica: João Paulo

EU CHEGUEI A UMA TERRA
E VI-ME ANALFRAGADO
E QUERIA TELEFONAR
E OLHEI PARA TODO O LADO


PROCUREI A UMA VELHA
QUE COSIA UMA CAPA
ONDE É QUE HÁ UM TELEFONE?
ALI NAQUELA CASINHA DE CHAPA


E ENTÃO EU TELEFONEI
DEBAIXO DUMA SOALHEIRA
OS COGUMELOS QUE EU COMI
DERAM-ME UMA CAGANEIRA


SAÍ DALI A FUGIR
E MONTEI-ME NO MEU CARRO
ESTAVA TÃO APERTADINHO
CAGUEI ATRÁS DUM CHAPARRO

APROCHEGOS

LETRA: JOÃO PAULO
MUSICA: JOÃO PAULO

Numa tarde de Verão
Tudo pode acontecer
Encontras quando não esperas
Uma razão de viver

Encontrei-te nessa tarde
Quando passaste por aqui
Só preciso de dizer-te
Aquilo que és para mim


As estrelas do céu
E as ondas do mar
São apenas uma parte
Que tenho para dar


Uma troca de olhares
E dois dedos de conversa
Numa noite sobre as dunas
O dia nasce sem pressa

Quando da praia partires
Que o Verão está acabado
Sentirás quando sorrires
Que estou apaixonado


As estrelas do céu
E as ondas do mar
São apenas uma parte
Que tenho para dar

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

SALADA DE BOLETAS

VAI ESTREAR A PARTIR DE 1 DE MARÇO O NOVO PROGRAMA NA RÁDIO VOZ DA PLANICÍE "SALADA DE BOLETAS" COM AS VERTENTES DE NOTICIÁRIO DA BOLETA E ACONSELHÓMETRO.
O CONHECIDO DESCONHECEDOR DE TUDO AQUILO QUE NÃO SABE E NUNCA IRÁ SABER, AMÍLCAR ALHINHO, SERÁ O RESPONSÁVEL PELA DIVULGAÇÃO DAS NOTÍCIAS MAIS RECENTES DA REGIÃO, DO MUNDO E ARREDORES. NÃO PERCA JÁ A PARTIR DE MARÇO
SALADA DE BOLETAS

domingo, 14 de fevereiro de 2010

ACHADO ARQUEOLÓGICO

SALADA DE BOLETAS

Foi ontem encontrado o maior e mais importante achado arqueológico de que há memória em todo o mundo, num terreno baldio entre as Neves e Vila Azedo.
Durante as escavações para a abertura de uns cabôcos para a construção de um casão para guardar palha e fazer petiscos, o proprietário do terreno, o Sr. Octávio Felismino, pedreiro de profissão com 48 anos e natural das Saibreiras, deparou-se com o inesperado enquanto utilizava a sua enchada para abrir os cabôcos. O Sr. Octávio ficou com a ferramenta presa após partir, ao que se presume, um vidro e não a conseguindo tirar com as suas próprias mãos, recorreu à ajuda de um vizinho que também não conseguiu desprender a ferramenta deste. Segundo palavras suas, o que mais estranhou foi que em 30 anos de profissão, nunca tinha ficado com a ferramenta presa daquela maneira em lado nenhum.
De imediato, o Sr. Octávio alertou as autoridades locais que o detiveram por este não possuir licença da obra e chamaram uma equipa de arqueólogos ao local.
Chegados ao local, esta equipa deu início aos trabalhos de escavações e só durante a madrugada, cerca das 2 horas locais, a importância deste achado se veio a confirmar.
A pouco mais de um metro e meio de profundidade, foi encontrado um Tractor da marca Ford 5000 com uma reloute de rodado duplo ainda carregada ao que se presume, de entulho. Tanto o tractor, como a reloute, encontravam-se em perfeito estado de conservação apresentando apenas alguns danos superficiais tais como, um pisca da reloute partido e a falta de duas porcas na roda direita dianteira do tractor. Quanto ao entulho, após análises em laboratório, concluiu-se que se trata de uma carrada de saibro que possivelmente teria sido roubado das saibreiras de Beja durante a construção da Base Aérea.
O achado segue agora para o Instituto de Mecânica Legal a fim de apurar as causas da avaria, seguindo depois para o Museu de Beja onde irá permanecer para ser apreciada a sua beleza.
Entretanto a equipa continua a fazer escavações no local e nós ficaremos à espera de mais achados como este na nossa região.