sexta-feira, 26 de março de 2010

QUANDO ANDÁMOS DE AVIÃO

Uma vez, a junta lá do monte convidou a família toda para ir andar de avião. A viagem era de Lisboa até ao Algarve.
Bem a gente lá abalámos todos numa camioneta da carreira a caminho de Lisboa mais as nossas Bias e cada um com a sua cesta do avio. O Zéfo Dias como tinha medo de andar de avião, encheu algumas oito garrafinhas daquelas verdes de agua para a ansiedade cheias de vinho para o caminho. Assim que chagámos lá onde estavam os aviões, fomos andando por aqueles corredores a fora e depois tínhamos que passar lá por baixo de uma coisa que mais parecia uma aduela mas sem porta. A gente passámos todos muito bem mas o Zéfo quando passou, aquilo começou para além a apitar a muito. Disseram-lhe atão que ele tinha que tirar as coisas todas que tivesse nas algibeiras. Ele lá tirou tudo ali para dentro dum tabuleiro, a poder de muito custo. Bem ele eram navalhas, isqueiros, corta-unhas, pregos, um alicate….até umas peúgas ele lá tinha. Quando viu que só lhe deram as peúgas armou logo ali fita com o homem, mas a gente lá o puxámos.
- Atão não vês uns bandidos daqueles que me ficaram além com uma navalha nova!? (disse-me ele)
Lá abalámos para dentro do avião e o Zéfo assim que entrou, sentou-se logo muito à pressa e depois amalateou-se com o cinto, mas apertou aquilo com tanta força que largou barreno daqueles valentes. Não se podia lá estar dentro do avião, as mulheres bem se fartaram de deitar perfume mas nem com isso se podia. Bem o Zéfo Dias estava com uma pilha de nervos que mamou logo de rajada três garrafinhas daquelas que tinha levado. Mas ainda o avião não tinha levantado o focinho do chão já ele estava a emborcar mais duas. Bem assim que o avião levantou, o Zéfo dá-se em por muito vermelho e todo suado, vi jeitos do bicho lhe dar para além algum badagaio. A bia dele viu-o naquele estado e perguntou-lhe:
- Queres beber outra garrafinha daquelas para a ansiedade?
- Ó mulher… nem me fales cá em garrafas nenhumas! (Disse ele)
Pudera com o que ele já tinha emborcado, estava ali fresco como uma alface. Bem ele começou atão com uma dor de barriga e vá de largar barrenos que já nem os perfumes faziam efeito. Ele abalou atão a fugir lá para a casa de banho do avião. Ao fim dele estar lá um bocado, começou a tocar uma buzina no avião que parecia um carro das urgências. Assim que o Zéfo, assustado por aquilo, abriu a porta da casa de banho, saiu de lá uma baforada de fumo e um pivete… As mulheres, vá de perfuma por aquele avião. Até já tínhamos os olhos em lágrimas e o cheiro não passava, foi atão que saltaram umas mascaras do telhado do avião e disseram para a gente as meter. Estávamos a gente tudo com máscaras cravadas nas ventas, o Zéfo Dias picou-lhe a mosca e começou para além aos berros e queria que o deixassem em Beja. Tiveram que vir de lá uns para o acalmarem e o amarrarem à cadeira. Quando o avião posou no Algarve, vamo-nos todos a descer e estava lá uma camioneta cheia de guardas e tudo armado. Assim que o Zéfo põe um pé em terra firme, os guardas agarraram-no logo e levaram-no. Mas ele não queria ir tanto que ainda derrubou alguns quatro. eu atão ainda ouvi o Zéfo:
- Atão mas o que é que eu fiz? Deixem-me da mão!
- O senhor está preso porque não se pode fumar dentro dos aviões! (disse-lhe um dos guardas)
A modos que a gente não pudemos ficar à espera dele porque a carreira para levar a gente para o monte já lá estava de esmarreira. Viemo-nos atão embora e o Zéfo só apareceu ao fim de quase quinze dias.


"OS CAMPANIÇOS"

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