sexta-feira, 26 de março de 2010

A BIA NO CABELEIREIRO

Uma vez a Bia do Zéfo já farta de estar sempre em casa e nunca sair a lado nenhum, virou-se para ele e disse-lhe assim:
- Olha Zéfo hoje vou arranjar o cabelo e as unhas a uma casa lá em Beja, estou farta de estar aqui sempre fechada a trabalhar que nem uma moira!
- Olha agora para o que lhe deu! Atão a mulher não está boa! (disse-lhe ele)
Bem ao fim de andarem para além a mandar postas de pescada um com o outro ele lá lhe disse que ia com ela também.
- Eu vou contigo mas não te demoras lá ouviste? (disse ele)
De maneiras que lá apanharam a camioneta da carreira das 7:30 da manhã a caminho de Beja. Quando lá chegaram ela foi lá à casa onde lhe iam arranjar os cabelos e ele disse-lhe logo:
- Eu vou dar uma volta além até ao mercado comprar umas tomateiras até estares despachada disso. Depois vai além ter comigo.
O Zéfo lá foi a caminho do mercado, comprou as tomateiras, comprou um regador e nisto passaram 2 horas, três horas e nada da Bia dele.
- Porra! Tanto tempo…. (disse ele)
Ele então resolveu ir à pergunta dela a ver o que é que se passava.
Quando chegou lá, achou logo estranho porque viu o carro dos bombeiros à porta da loja e entrou logo desalvorido casa adentro. Quando ele vai dar com a Bia dele sentada numa cadeira, toda amalateada, com os pés no ar e com algumas oito pessoas de roda dela. Aos pés da mulher estavam três bombeiros já todos suados agarrados a um serrote e a um maçarico para lhe cortarem as unhas e não as davam cortadas. Já tinham partido algumas 4 folhas do serrote e então tinha que ser a puder de maçarico. À volta da cabeça dela estava alguns 5 cada um a puxar para seu lado e um deles com uma mangueira daquelas de pressão e outro com uma vassoura a lavarem a cabeça à mulher. O chão, da murraça que ia caindo da cabeça dela, parecia que tinha estado alguém com umas botas cheias de lama, tudo cravado de terra.
Ora o Zéfo viu aquilo, dá em dar pazadas no pessoal todo, desamalateou a Bia dele e fugiu dali com ela.
- Anda daí que eles acabam aí contigo! (dizia ele a fugir e puxando a mulher por um braço que ela quase que não aguentava a passada dele)
Bem saíram dali e foram para apanhar a carreira para o monte. Quando a carreira chegou, eles vão os dois a subir, o motorista virou-se para o Zéfo Dias e disse-lhe assim:
- O senhor pode entrar, mas o borreguinho é que tem de ficar na rua (disse o homem a apontar para a Bia do Zéfo que estava com o cabelo todo alvoraçado que mais parecia uma ovelha)
O Zefo lá tentou convencer o homem que o borreguinho era a mulher dele, mas o motorista não foi cá em conversas. De maneiras que para não deixar além a mulher sozinha, o Zéfo também não foi na camioneta. Abalaram atão para a boleia, ainda tiveram quase duas horas e nada, ninguém parava. Puseram-se à estrada, e abalaram atão à pata galharda até ao monte. A modos que só chegaram a casa já era quase meia-noite e a Bia do Zéfo com as unhas e com o cabelo na mesma.


"OS CAMPANIÇOS"

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