quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O MEU PRIMEIRO NAMORO

AS HISTÓRIAS MAIS HILARIANTES DO ALENTEJO

Quando eu era moço, era muito envergonhado, de maneiras que quando arranjei a primeira namorada já eu tinha quase 30 anos e foi com a ajuda do Zéfo Dias que um dia se virou para mim e me disse assim: - Vamos a um baile ao monte de Carocha que além é que tu arranjas uma moça para ti!
Lavei os pés e os sovacos com uma falhinha de sabão azul, vesti umas calças muito apertadas (que ele disse que aquilo é que estava na moda) uma camisa amarela com riscas verdes e então lá fomos agente no tractor dele a caminho do baile. Bem as calças eram tão apertadas que nem o maço de tabaco cabia na algibeira, e então as partes baixas….. A modos que aquilo era tão justo que quando cheguei ao baile estava todo assado. Entramos lá no baile e fomos logo buscar uma grade de médias e um franganito que era para não irmos lá muita vez. Aquilo era grande baile que ali estava. – Os bailes aqui na Carocha são sempre assim o que é que pensas? (Disse-me o Zéfo Dias). Bebemos ali um par delas e às tantas o Zéfo Dias disse-me assim: - Olha! Tas a ver além aquela do buço? Vai-te a ela!
- Atão mas vou-me a ela e digo-lhe o que? (Perguntei eu)
- Atão vê lá se queres que eu te faça a papinha toda? Desenrasca-te homem!
Nisto a moça abalou ali para atrás dum montão de lenha para ir à casa de banho e eu fui-me a ela mas fiquei à espera dela além ao pé dum poste a uma esquina. Tive além à espera, à espera, bem fumei quase um maço de tabaco com os nervos e ela não havia meio de aparecer. Ao fim dum bom bocado lá veio. Quando vem a passar ao pé de mim, eu meti-me ali a preceitos assim bem como aqueles engatatões que dão aí na televisão, passei o dedo gordo por os meus becos e disse-lhe assim: - Atão borracho…. Tiveste a cagar não?
Eh ela, se aquilo lhe pareceu mal. Começou-me a chamar nomes e a mandar-me barqueiradas, e eu vá de fugir.
Bem quando voltei ao baile já o Zéfo Dias andava atracado a uma palmilhona valente que o metia debaixo dos braços. Pensei cá para mim: - Atão mas tu serás sempre o mais parvo? Lombriguei além uma que estava sentada no colo da mãe e fui-me a ela.
- Atão queres bailar comigo? (Perguntei-lhe eu)
- Ah isso tens que pedir à minha mãe!
E eu lá pedi. Ela olhou-me de alto a baixo algumas quatro vezes e virou-se para a filha e disse-lhe assim: - Vai lá! Vai lá mas bailas aqui onde eu te veja, não o deixes levar-te lá para o meio que aquilo além são só poucas vergonhas e eu já sei como é que é!
Porra, velha dum cabrão! Tal não é aquele feitio!
- A tua mãe é sempre assim ou só quando está de caganeira? (Perguntei eu à moça)
- Deixa-a da mão, deixa-a! (Disse-me a moça)
Lá começámos a bailar mas custámos a acertar porque eu também não era lá muito dado a bailes, mas lá acertámos. Ela lá me teve a contar que guardava porcos e tinha também uns perus no choco. Lá me disse que a tia era a padeira Palmira Careca, que fazia pães que mais pareciam estrumeiras, muito grandes. Às tantas disse-me assim: - Olha! Se quiseres ir à minha casa amanhã à noite podes ir que não está lá ninguém! Estás à vontade!
Eu atão lá fui e quando lá cheguei não estava mesmo lá ninguém… nem ela estava lá tão pouco. (Afinal tinha razão). De maneiras que fiquei tão aborrecido com aquilo que comprei um rafeiro.
Um dia, estava eu a passear com o bichinho, fui até ao barranco onde as mulheres iam lavar a roupa. Cheguei lá, descuidei-me além um poucochinho com o cão e ele foi mijar mesmo para cima duma toalha de mesa que estava ali estendida a secar no chão. Oh veio de lá logo mulher desalvorida e a mandar postas de pescada comigo. Quando ela vem chegando ao pé de mim… Bem àquilo é que se pode chamar amor à primeira vista. `a primeira e única, porque ela só tinha um olho. Os meus olhos arregalados olhando para aquele sorriso. De boca aberta, os dentes pareciam as teclas de uma concertina já velha, amarelas e com as teclas pretas e tudo porque lhe faltavam dois dentes em cima e um em baixo. Mas isso a mim não me interessava nada, apesar dela coxear um bocadinho, eu vi além a mulher da minha vida. Virei-me para ela e perguntei-lhe:
- Qual é a sua graça?
- Cipriana Calabaíta!
Bem tivemos além de conversa umas horas valentes e lá começámos a namorar. A modos que eu andava todo contente porque já tinha uma namorada. Fui lá a casa dela 2 vezes. Mesmo assim ainda namorámos muito tempo. Ao fim de quase 8 dias de namoro marcámos o casamento na igreja do monte das Arrabaças que levava mais gente. No dia do casamento, não sei como é que fiz aquilo, descuidei-me e deixei-me dormir. Levantei-me e vesti-me à pressa, um fato amarelo que tinha comprado no mercado por dois contos e quinhentos. Com a pressa nem atei os cordões das botas. Montei-me na minha motorizada dei ao pedal mas a bicha não queria pegar, teve de ser de empurrão. Bem andei para aí uns 10 metros, os cordões das botas enlearam-se na corrente da motorizada, aí vai ele com as ventas arrojo. Rasguei o casaco todo e com a porrada rebentou o pneu da frente. – Atão e agora? Joguei a mão à algibeira a ver se tinha remendos mas nada. Bem enleado com aquela charenga, papei além a manhã inteira e metade da tarde, nem almocei. Como o casaco já estava rasgado atei-o à roda e lá fui eu. Cheguei lá já era quase sol-posto, já não estava lá ninguém, já tinha desabelhado de lá tudo pois atão. De maneiras que poso dizer que são não casei por causa duns cordões.
Ainda hoje ando à pergunta duma para me lavar as cuecas.


João Paulo

Sem comentários:

Enviar um comentário

FAÇA OS SEUS COMENTÁRIOS