quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A ÁRVORE DE NATAL DO ZÉFO DIAS

AS HISTÓRIAS MAIS HILARIANTES DO ALENTEJO

Uma vez o Zéfo Dias chegou-se ao pé de mim e disse-me se eu queria ir com ele buscar uma árvore de Natal. Eu disse-lhe:
- Atão mas que lembrança é essa agora? Atão mas onde é que vais buscar agora uma arvore de Natal?
- Vens ou não vens porra? (Disse-me ele já resquentado)
- Pronto eu vou!
As pessoas souberam que o Zéfo ia e atão vieram encomendar árvores de Natal à gente.
Ele foi buscar o tractor e trouxe também um machado muito grande e um serrote.
- Atão isso é para quê? (perguntei eu)
- Atão é para cortar a árvore, seria para quê!!! Atão pensas que elas caem sozinhas? (Disse-me ele)
Bem de maneiras que lá abalámos no tractor dele até chegarmos a uma mata. Ele meteu com o machado às costas e subiu atão lá para cima duma árvore daquelas. Andou a cortar, a cortar mas não gostava de nenhuma porque não faziam aquele bico para meter a estrela lá em cima. Bem cortou algumas oito. Nisto quando a gente vê vir de lá um homem a esbracejar e com uma espingarda à cara fugindo a muito direito à gente.
- Malandros daquele diabo! Estão aí a estragar-me as oliveiras todas eu já lhe digo!
Demos um salto, ficámos logo em cima do tractor. Aí vão eles à carga. Raspamo-nos dali mais depressa com que tínhamos chegado.
- Atão mas tu não viste logo que aquilo eram oliveiras? (Disse-lhe eu)
- Atão não é verde? As árvores de Natal não são verdes também! (Disse-me ele)
De maneiras que lá abalámos e fomos atão parar a outro matagal.
Aqui é que é! (Disse ele)
- Tens a certeza que isso aí são árvores de Natal? Vê lá!
- Atão mas tu pensas que eu não sei o que são árvores de Natal? À pecado só me enganei porque ainda tina os olhos enrramelados!
Bem ele lá galgou para cima duma árvore daquelas e vá de machadadas. Ao fim de ter cortado algumas cinco, eu cá desconfiado perguntei-lhe assim:
- Escuta lá, não é por nada mas eu cá já tenho visto árvores de natal na televisão e nunca vi nenhuma com estas flores amarelas!
Ele começou a olhar a preceitos para aquilo e atão lá me disse:
- Atão isto que aqui está são loendreiros! Atão não vês que parecia mesmo árvores de Natal!
Andámos mais uma poucochinho e lá encontramos mais uma mão cheia de árvores mesmo além ao pé da estrada.
- Isto é que são árvores de natal! Não vês que fazem aquele bico e tudo? (Disse eu)
E lá fomos, ele saltou lá para cima e em menos de uma hora limpou algumas 12. Metemo-las todas em cima da relote do tractor e marchámos a caminho do monte.
- Escuta com o que a gente aqui leva, fazemos um dinheirão a 200 mérreis cada uma! (Disse-me o Zéfo Dias)
Chegámos ao monte, já era de noite, parámos o além no largo e as mulheres lá vieram buscar as árvores que tinham encomendado. Bem ainda ficámos com um conto reis cada um.
- Escuta amanhã vamos buscar mais! (Disse eu)
No outro dia, estávamos a gente a prepara-se para irmos buscar mais, quando a gente vê o Patolas vir com uma árvore de Natal e a chamar aldrabões à gente.
- Atão mas o que é isso? Dormiste com o cu destapado ou quê?
Ele jogou a arvore de Natal para cima da gente e pediu os duzentos merreis porque disse a gente tínhamos enganado a mulher dele. aquilo eram eucaliptos pequeninos e não eram arvores de natal. Ainda estava ele a garrear com a gente quando começam a chegar as outras que tinham comprado a árvores à gente.
- Zéfo vamos mas é embora que eles vêem com caras de poucos amigos direito á gente. (Disse eu)
Ainda não tinha acabado de dizer isto, olhei para o lado já o Zéfo ia fugindo lá barreira a baixo que nem um desalmado.
- Espera aí! Atão agora deixas-me aqui sozinho!
Abalei desembelgado a fugir atrás dele e a família com os eucaliptos na mão atrás da gente.
Atão a gente fazemos-lhe um favor e é assim que agradecem… Para a próxima vão eles buscá-las!

João Paulo

Sem comentários:

Enviar um comentário

FAÇA OS SEUS COMENTÁRIOS